As redes sociais

Autora: Daniela Semedo
Data: 2017

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As redes sociais/canais de comunicação como o Facebook, Twitter, Instagram e YouTube estão a mudar a forma como as pessoas interagem. Uma característica definidora destas plataformas online é que elas permitem criar e trocar conteúdo produzido pelos usuários (Kaplan & Haenlein, 2010).

 

O elevado tempo que as pessoas investem nas redes sociais levanta a questão de: quais são as consequências da crescente interação nas redes sociais para o bem-estar subjetivo das pessoas – ou seja, como as pessoas se sentem e quão estão satisfeitas com suas as vidas ? A felicidade é considerada como um objetivo básico da vida (Tay, Kuykendall e Diener, 2015), e o bem-estar subjetivo prevê benefícios consequentes, incluindo a saúde e a longevidade (Boehm, Peterson e Kubzansky, 2011; Diener & Chan, 2011; Steptoe & Wardle, 2011). Numa tentativa de identificar como o uso frequente das redes sociais afeta o bem-estar subjetivo das pessoas, Philippe Verduyn da Universidade de Maastricht na Holanda e colegas (2017) conduziram uma revisão da literatura sobre o tema. Os autores incluíram na sua análise um total de 39 estudos que relacionaram o uso de redes sociais com o bem-estar subjetivo em participantes saudáveis.

Os autores verificaram que existe uma relação negativa e estatisticamente significativa entre a utilização passiva de redes sociais e o bem-estar subjetivo. Especificamente, os autores descobriram que o uso frequente de redes sociais suscita comparações e inveja social, o que apresenta consequências negativas para o bem-estar subjetivo. Um dos estudos mais pertinentes incluídos na analise, de Kross e colegas (2013) encontrou que o uso frequente do Facebook resulta em declínios no bem-estar subjetivo, afetivo e cognitivo em jovens adultos.

Contudo, e embora com menor robustez estatística, os autores também verificaram que o uso frequente de redes sociais conduz a um bem-estar subjetivo, uma vez que estimula sentimentos de pertença social.

Com base nos resultados os autores concluíram que o uso frequente de redes sociais pode tanto aumentar como diminuir o bem-estar subjetivo, – dependendo da forma e do objetivo que as pessoas têm quando utilizam estas plataformas.

As redes sociais têm o potencial de aumentar o nosso bem-estar subjetivo porque permitem aumentar o sentimento de ligação com os outros. No entanto, o uso frequente de redes sociais pode também causar sofrimento, especialmente quando suscitam sentimentos de comparação e inveja social.

Referências:

Boehm, J. K., Peterson, C., & Kubzansky, L. (2011). A prospective study of positive psychological well-being and coronary heart disease. Health Psychology, 30(3), 259–267. doi:10.1037/a0023124

Diener, E. (1984). Subjective well-being. Psychological Bulletin, 95(3), 542–575.

Kaplan, A. M., & Haenlein, M. (2010). Users of the world, unite! The challenges and opportunities of Social Media. Business Horizons, 53, 59–68. doi:10.1016/j.bushor.2009.09.003.

Kross, E., Verduyn, P., Demiralp, E., Park, J., Lee, D. S., Lin, N., Shablack, H., Jonides, J., & Ybarra, O. (2013). Facebook use predicts declines in subjective well-being in young adults. PLoS ONE, 8(8), 1–6. doi:10.1371/journal.pone.0069841.

Steptoe, A., & Wardle, J. (2011). Positive affect measured using ecological momentary assessment and survival in older men and women. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 108(45), 18244–18248. doi:doi/10.1073/pnas.1110892108

Tay, L., Kuykendall, L., & Diener, E. (2015). Satisfaction and happiness—The bright side of quality of life. In W. Glatzer, L. Camfield, V. Moller, & M. Rojar (Eds.), Global handbook of quality of life (pp. 839–853). Netherlands: Springer. doi: 10.1007/978-94-017-9178-6

Verduyn, P., Ybarra, O., Résibois, M., Jonides, J., Kross, E. (2017). Do Social Network Sites Enhance or Undermine Subjective Well-Being? A Critical Review. Social Issues and Policy Review, 11(1), 274-302.